Evento, realizado pela prefeitura, inclui caminhada de 50 metros e disparadas de 100m e 200m, além de show carnavalesco
Ocupar a cidade é para todos. Por isso, um trecho da avenida dos Andradas, na altura da Praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte, virou pista da 24ª Corrida Rústica para Pessoas com Deficiência. O evento, realizado pela prefeitura neste domingo (3), contou com 1.092 inscritos, de várias idades, acompanhados por amigos e familiares. As provas foram divididas nas categorias caminhada de 50 metros (com ou sem necessidade de ajuda) e corridas de 100m e 200m (sem necessidade de ajuda).
Os participantes do evento, que teve início por volta de 9h, ganharam medalhas, lanche, água, camiseta personalizada e ainda curtiram uma apresentação do bloco carnavalesco "Chama o Síndico". Um dos inscritos mais animados foi o estudante Miguel, de 8 anos. Ele é pessoa com mielomeningocele - uma malformação congênita da coluna vertebral, e não anda. Ele fez a corrida de 100 metros com a cadeira de rodas, sob olhares dos pais, orgulhosos.
Alegria genuína
"Adrenalina pura. Eu já tinha feito (corrida) na paraolimpíada, mas hoje foi super legal. E eu queria agradecer a todos que me viram e agradecer de coração, mesmo. Muito obrigado", disse Miguel, que é assistido pela Associação Mineira de Reabilitação (AMR). Os pais dele comemoraram a existência do evento. "É importante para incentivar e mostrar que ele pode realizar os sonhos mesmo tendo algum tipo de deficiência. O sonho dele é ser atleta", disse a mãe, a dona de casa Raquel Ximenes, de 34 anos, moradora do bairro Paulo VI, na região Nordeste de BH. "Ele tem a fé. Nós estamos nesse rumo juntos", completou o pai, o pedreiro Amarílio Ximenes, de 39 anos. Socializar é preciso
A família da estudante Vitória Moura de Souza, de 21 anos, veio do bairro Mantiqueira, em Venda Nova, para prestigiar a participação, pela primeira vez, da jovem na corrida. Ela, que fez o percurso de 100 metros, é pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) - caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento do indivíduo, interferindo na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento, segundo o Ministério da Saúde.
"Essa interação com a sociedade é muito boa. Faz com que se desenvolvam. É muito importante para eles se sentirem acolhidos e para a gente, também. Ambos têm o que aprender um com o outro", declarou a irmã de Vitória, a técnica de enfermagem Samantha Alves, de 38 anos. "É imensa a importância. Ela viveu isolada um período muito grande. Agora que ela está interagindo com os colegas", afirmou o pai da jovem, o aposentado José Carlos Souza, de 68 anos.
Corrida Rústica
A Corrida Rústica integra o calendário anual do Superar, programa de assistência a Pessoas com Deficiência (PCD). O Superar é realizado pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer da capital há 29 anos. João Bernardo Rodrigues da Silva, gerente de paradesporto do programa, falou sobre a importância da corrida.
"Trazer os familiares e a pessoa com deficiência para um espaço público, nobre, no Centro da cidade, com respeito, carinho, com tudo aquilo que essas pessoas merecem. Essas pessoas, com alegria, praticando atividade física, interagindo, socializando. Ou seja, a importância é inestimável", afirmou Silva.
De acordo com a PBH, o Superar atende cerca de 900 alunos com deficiência física, visual, intelectual, auditiva, múltipla e com autismo, em 16 modalidades esportivas.
O programa conta com um Centro de Referência Esportivo para Pessoas com Deficiência (Carlos Prates – Regional Noroeste) e dez núcleos regionalizados (Colégio Marconi, Clube Palmeiras, AABB, Clube Sírio, Cruzeiro Esporte Clube, Clube Oásis, Escola Estadual de Ensino Especial Amaro Neves, Núcleo São Rafael, Núcleo Comunviver, e UFMG).
Ainda segundo a prefeitura, são oferecidas as modalidades de atletismo, basquetebol, bocha regular, bocha paralímpica, dança, futsal, goalball, judô, natação, patinação, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, voleibol sentado, parataekwondo, funcional e percussão.
Os requisitos para participar do Superar são idade superior a seis anos e apresentação de laudo de deficiência.
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