Por Tiago Lincka / Agência de Reportagem Saiba Mais
Creio que muitos aqui já ouviram falar a palavra acessibilidade nos últimos anos, seja em rodas de conversa com amigos e familiares, ou mesmo em seus locais de trabalho ou estudo. Por incrível que pareça, esse é um tema que ainda precisa ser muito discutido e mais que tudo, pensado por todas as pessoas, em especial àquelas que não necessitam de nenhuma condição específica para sua locomoção ou mobilidade.
Para quem ainda não entende, podemos dizer que a acessibilidade é a condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, equipamentos urbanos, edificações, transportes, sistemas de informação e comunicação, inclusive as novas tecnologias. A obrigação dessas condições é tanto do poder público, quanto das instalações privadas de uso coletivo, seja na cidade ou na zona rural. Assim, essas condições são necessárias para prover a dignidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Creio que muitos aqui já ouviram falar a palavra acessibilidade nos últimos anos, seja em rodas de conversa com amigos e familiares, ou mesmo em seus locais de trabalho ou estudo. Por incrível que pareça, esse é um tema que ainda precisa ser muito discutido e mais que tudo, pensado por todas as pessoas, em especial àquelas que não necessitam de nenhuma condição específica para sua locomoção ou mobilidade.
Para quem ainda não entende, podemos dizer que a acessibilidade é a condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, equipamentos urbanos, edificações, transportes, sistemas de informação e comunicação, inclusive as novas tecnologias. A obrigação dessas condições é tanto do poder público, quanto das instalações privadas de uso coletivo, seja na cidade ou na zona rural. Assim, essas condições são necessárias para prover a dignidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Nesse texto, quero tratar com vocês sobre uma breve experiência que vivenciei em 15 dias após um pequeno acidente durante uma prática esportiva e precisei andar com o pé esquerdo imobilizado e fazendo o uso de muletas. Embora eu tenha conhecimento que o tema da acessibilidade é muito amplo, nesse texto irei tratar apenas da acessibilidade no sentido da dificuldade da mobilidade em nossa cidade.
É impressionante que a Lei Federal que estabelece as normas gerais para a promoção da acessibilidade seja datada apenas de 2000. Pior ainda é saber que nos tempos atuais, 24 anos após a sua aprovação, ainda tenhamos tantos lugares sem o mínimo de acessibilidade que possibilite uma locomoção autônoma e facilitada às pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida ou mesmo os mais idosos.
Quando criança tive um tio, irmão de minha mãe, que era cadeirante, vitima de um acidente de moto na juventude dele. Digo que tive por que infelizmente ele não está mais aqui entre nós, mas posso garantir que ele viveu muita coisa e muitas aventuras em cima daquelas duas rodas de suas cadeiras. Meu tio foi a primeira pessoa com deficiência com a qual convivi. Ele era muito alegre e entusiasta da vida e sempre me contava suas aventuras e aprendizados. Certa vez, ele fez um mochilão de aproximadamente três meses na Europa, no final da década de 90. Em sua volta ele me contava como lá na Europa a vida era bem mais fácil para uma pessoa cadeirante. Lá ele se sentia livre e podia ir e vir sem necessitar necessariamente de uma pessoa para empurrar ou carregar sua cadeira.
Na universidade privada que cursou lá na cidade de São Paulo, ele começou a problematizar a questão da acessibilidade, principalmente por ser estudante do curso de Direito. Então ele sempre questionava o direito da pessoa com deficiência, antes mesmo da promulgação da Lei atual que regula essa questão. Diante de sua incansável luta dentro da universidade, ele conseguiu convencer a comunidade acadêmica e os gestores da época, que passaram a mudar aos poucos toda a estrutura de predial daquela universidade.
Até que certa vez esse meu tio veio nos visitar aqui em Natal pela primeira vez e ficou hospedado lá na nossa casa. Sabendo disso, minha mãe logo se preocupou em fazer todas as adaptações necessárias em nossa casa para se tornar um lugar acessível. Foi com esse meu tio que aprendi muito sobre a questão da acessibilidade, de todas as dificuldades enfrentadas por quem mais precisa e, acima de tudo, aprendi a me preocupar com a questão acessibilidade, como fator determinante para a vida das pessoas com deficiência ou dificuldade de locomoção.
Muitas vezes nós precisamos sentir na própria pele ou então ter alguém muito próximo de nós para que comecemos à olhar em nossa volta e mudar nossas atitudes, seja como cidadão comum ou mesmo eleitor (exigindo de nossos governantes a inclusão dessa pauta em seus projetos políticos), seja como gestor de uma empresa ou organização, ou mesmo como profissionais dos mais diversos setores da sociedade.
Voltando ao início do texto, disse que iria contar sobre minha experiências dos últimos 15 dias que fiquei como o pé imobilizado e fazendo o uso de muletas. Pude sentir na pele como nossa cidade ainda é muito despreparada para lidar com essa questão que é lei. E olha que meu lugar de fala é de uma pessoa não deficiente que apenas passou 15 dias com baixa locomoção fazendo uso de muletas. Assim, tudo que eu contar aqui, imaginem a situação de uma pessoa cadeirante, ou que tenha a condição de baixa mobilidade permanente, se coloquem no lugar delas.
Foram muitas as calçadas quebradas que tive enorme dificuldade de andar. Isso quando se tem calçadas construídas na mesma altura. É muito comum termos calçadas de diversas alturas numa mesma rua, as vezes o degrau tem mais de um metro de uma calçada para a outra. E quando o poste é bem no meio da calçada, ou então ela é super estreita e mal cabe uma pessoa andando. Tem os casos das calçadas cheias de mato ou areia. Ah, e os carros que estacionam em cima delas, ou as caçambas de lixo. E as rampas de acesso, quebradas, com carros na frente estacionados.
E os transportes públicos? Por sorte eu não precisei utilizá-los. Mas para quem precisa é um sofrimento diário. Já presenciei casos em que as plataformas estavam quebradas. Ou mesmo outros passageiros reclamando com a demora do embarque ao utilizar a plataforma. Até mesmo casos de motoristas que ficam bravos ou com raiva de sair de seu assento para poder manusear a plataforma e garantir o acesso de uma pessoa cadeirante.
Nesses dias, precisei ir à uma reunião na sede da Secretaria de Finanças do Estado. Quem já foi no centro administrativo sabe que os prédios tem a rampa de acesso para entrar em cada um deles. Ali para mim já foi um sufoco conseguir subir uma rampa super íngreme e no sol quente de muletas. Mas o pior foi ter que subir mais dois lances de escadas até chegar na sala do gabinete. Sem nenhum elevador ou plataforma. Eu bem devagar consegui subir, mas se eu fosse um cadeirante?
Não falei aqui do capacitismo porque ainda tenho muito a aprender sobre. Mas uma coisa é certa, nossa sociedade precisa deixar de ser capacitista, em todos os aspectos. Todos e todas temos nossos direitos e deveres e precisamos ser respeitados independente de nossa condição.
Fica aqui um pedido para que olhem para sua volta, para as pessoas que os rodeiam e vamos ser mais empáticos pelas outras pessoas. Não é o fato de eu ser uma pessoa sem deficiência que não preciso me preocupar com elas.
Acessibilidade é lei, é direito irrestrito.
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