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SÍmbolo abrange todas as deficiências e vai substituir desenho de cadeirante, restrito à mobilidade reduzida


Por: Agência Senado

Por: Agência Senado (divulgação)
Por: Agência Senado (divulgação)

O Senado aprovou nesta quarta-feira (19) projeto que substitui o Símbolo Internacional de Acesso pelo Símbolo Internacional de Acessibilidade. O texto obriga o uso do símbolo em faixas de circulação, em pisos táteis direcionais e de alerta e em mapas ou maquetes táteis. O PL 2.199/2022, que volta à Câmara dos Deputados, havia recebido parecer favorável do senador Romário (PL-RJ) na Comissão de Direitos Humanos (CDH).


O símbolo, criado em 2015 pela ONU, procura englobar todos os tipos de deficiência e acessibilidade. Ele substitui o antigo símbolo internacional com a imagem de um cadeirante em fundo azul ou preto, que é associado a pessoas com mobilidade reduzida.


A proposta altera a Lei 7.405, de 1985, e determina que a substituição das placas de sinalização ocorra em até três anos após a publicação da lei.


O texto inicial previa que a substituição das placas seria regulada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Uma emenda do relator possibilita ao Poder Executivo escolher o órgão responsável por essa regulação e pela atualização do material de referência e de ensino sobre a sinalização em estacionamentos.


Romário afirmou na CDH que o novo símbolo, além de promover a inclusão de pessoas com impedimento físico, inclui aqueles com deficiências mental, intelectual ou sensorial. 

— O Símbolo Internacional de Acessibilidade ilustra com maior precisão a amplitude da inclusão de pessoas com deficiência — afirmou.

Segundo o parlamentar, o censo de 2022 do IBGE apontou que existem cerca de 18,6 milhões de pessoas com 2 anos de idade ou mais com algum tipo de deficiência.


 
 
 

Seletividade alimentar no autismo não é uma simples questão de preferência


Por: CNN (Brazil Health)

Foto de Vinícius Estevão (Pexels)
Foto de Vinícius Estevão (Pexels)

Seletividade alimentar no TEA exige olhar atento, estratégias interdisciplinares e políticas públicas para garantir saúde e inclusão.


A relação entre autismo e nutrição é uma preocupação constante para muitas famílias. A seletividade alimentar no Transtorno do Espectro Autista (TEA), por exemplo, é um desafio que afeta não apenas a rotina diária, mas também o desenvolvimento integral da pessoa. Compreender essa dinâmica é essencial para promover uma melhor qualidade de vida.


Estudos indicam que um percentual significativo das crianças americanas com TEA apresenta padrões alimentares seletivos. No Brasil, muitas pessoas autistas enfrentam essa realidade. Essa seletividade alimentar pode levar a deficiências nutricionais significativas, impactando o crescimento, a imunidade e o desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental da pessoa.



Por que a seletividade alimentar é comum no TEA?

A seletividade alimentar no autismo não é uma simples questão de preferência; ela está frequentemente ligada a fatores como perfil sensorial, rigidez comportamental e preferências por alimentos com texturas e sabores específicos.


Essas características podem resultar em uma dieta limitada, levando a deficiências de micronutrientes essenciais, como vitamina D, ferro, ômega-3 e zinco. Tais deficiências podem afetar negativamente a cognição, o comportamento e a saúde física dessas pessoas. Micronutrientes essenciais e estratégias nutricionais.


A deficiência de certos micronutrientes é comum entre pessoas autistas com seletividade alimentar. Entre os mais críticos, destacam-se:

  • Vitamina D: associada à saúde óssea e à regulação imunológica; sua deficiência pode influenciar o humor e a cognição

  • Ferro: essencial para a oxigenação cerebral e concentração; baixos níveis estão ligados à irritabilidade e fadiga

  • Ômega-3: conhecido por atuar no funcionamento cerebral, melhorando atenção e memória

  • Zinco: importante para o sistema imunológico e função celular; sua carência afeta o paladar, agravando ainda mais a seletividade alimentar



A boa notícia é que, com apoio especializado e abordagens interdisciplinares, é possível ampliar o repertório alimentar de pessoas com TEA. Entre as estratégias mais eficazes estão:


  • Escolha de programas baseados em ciência, como a exposição gradual a novos alimentos: apresentar pequenas quantidades, em diferentes contextos e formatos.

  • Intervenção interdisciplinar conjunta com as áreas da psicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia: trabalhar questões comportamentais, sensoriais e motoras é essencial.

  • Planejamento com nutricionista especializado em TEA: adaptar a dieta, corrigir deficiências e manter o prazer à mesa é fundamental.

  • Uso de recursos visuais: como pranchas e histórias sociais para promover previsibilidade e organização, aumentando a probabilidade de sucesso na intervenção.Cenário brasileiro e a urgência do acolhimento nutricional


Embora o Censo de 2022 tenha incluído, pela primeira vez, dados sobre pessoas autistas no Brasil, informações específicas sobre nutrição no TEA ainda são escassas. Essa lacuna impede a formulação de políticas públicas eficientes e acessíveis.


A falta de nutricionistas especializados no SUS, o custo elevado de dietas adaptadas e a carência de formação específica entre educadores e profissionais de saúde tornam a jornada ainda mais desafiadora para as famílias.


A relação entre autismo e nutrição precisa ser tratada com a seriedade que merece. Alimentação é desenvolvimento, saúde e inclusão. Pessoas que se alimentam melhor têm mais chances de aprender, interagir e crescer com qualidade de vida.


* Marina Trunci é psicóloga, mestre em distúrbios do desenvolvimento, psicopedagoga, especialista em análise do comportamento aplicada e em saúde mental. Cofounder da Clínica Formare.




 
 
 

Novo estudo do IBGE mostra o quanto os municípios do país ainda não são acessíveis. Urbanistas explicam os motivos e apontam soluções


Por: Casa e Jardim (Maria Silvia Ferraz)

Foto: Pexels/Sidney de Almeida/Creative Commons
Foto: Pexels/Sidney de Almeida/Creative Commons

Dois em cada três brasileiros moram em vias sem rampa para cadeirantes. É o que constatou o Censo Demográfico 2022: Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios, pesquisa recém-divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Das 174,2 milhões de pessoas residentes em áreas com características urbanas no Brasil, 68,8% moram em vias sem rampa para cadeirantes. E apenas 18,8% vivem em vias com calçadas livres de obstáculos.

“Buracos, desníveis, degraus inesperados, pisos escorregadios, vegetação mal posicionada, mobiliário urbano mal distribuído. Tudo isso compõe um cenário urbano hostil para quem se desloca a pé"

Comenta a arquiteta e urbanista, Helena Degreas, professora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, pesquisadora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design da Universidade de São Paulo (FAU-USP), e colunista de acessibilidade do Portal Acesse.


"Esses obstáculos comprometem a fluidez e a segurança dos pedestres, principalmente pessoas com deficiência, idosos, gestantes, crianças e pessoas neurodivergentes, tornando o simples ato de caminhar um risco constante”, ela complementa.


E por que não temos rampas e boas calçadas? Certamente não é por falta de legislação. A NBR 9050, norma brasileira que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados em projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e de edificações a condições de acessibilidade, é considerada boa por especialistas.


A não aplicação das normas de acessibilidade é uma questão complexa, que envolve fatores culturais, sociais, políticos e de gestão urbana. Ao mesmo tempo, a resposta é simples. A acessibilidade simplesmente não figura nas preocupações das pessoas.


Porém, acessibilidade deveria sim ser um tema de interesse de todos – não apenas de pessoas com deficiência e seus familiares. “Essa é uma questão que não está longe, pode atingir qualquer um. Se tudo der certo, todos vamos ser idosos, com eventuais dificuldades de locomoção. E, mesmo quando jovens, a qualquer momento podemos quebrar a perna e nos ver dependentes de uma muleta ou cadeira de rodas", diz o arquiteto e urbanista Eduardo Manzano, vice-presidente do Instituto Smart City Business e professor do Istituto Europeo di Design (IED).


Mesmo entre arquitetos e urbanistas, a acessibilidade não costuma ser um tema de importância. “Quando aparece nos projetos, é geralmente tratada como um item técnico a ser atendido por obrigação legal, o que, embora correto e necessário, é insuficiente. Falta incorporar o conceito de design inclusivo, que vai além do cumprimento de normas", afirma Helena.


Algo muito diferente ocorre nos Estados Unidos, segundo Eduardo. “Lá, antes de qualquer outro aspecto de um projeto, é decidido como resolver a acessibilidade", conta o urbanista.


Já no Brasil, os pedestres e as calçadas historicamente foram colocados em segundo plano no planejamento urbano. Por muito tempo, os carros foram, mais do que priorizados, o único enfoque. Até hoje, não pensamos no caminhar como um direito urbano.


Também há uma falha de gestão importante. Em muitas cidades, como São Paulo, a responsabilidade pelas calçadas é do proprietário do imóvel daquele trecho, e não do poder público. “Isso gera um padrão fragmentado, sem continuidade, com calçadas mal conservadas ou até inexistentes", pontua a arquiteta.



Rampas, corrimões, amplitude e mais


Há dois itens básicos para uma cidade acessível, segundo os urbanistas. A primeira são calçadas niveladas e contínuas, com pelo menos 2,5 m de largura de área de passagem livre, ou seja, sem árvores, postes, lixeiras e pontos de ônibus ou táxi. “O mobiliário urbano deve ser posicionado onde ele realmente é necessário, e não aleatoriamente", diz Helena.


A outra são rampas com inclinação máxima de 8,33% e corrimãos. “Rampas são fundamentais para pessoas cadeirantes ou com mobilidade reduzida, e também facilitam demais a vida de quem não tem deficiência alguma, pois exigem menos esforço físico", fala a arquiteta e pesquisadora.


As rampas devem existir nas calçadas e em todos os espaços de uso coletivo, como comércios, serviços, escolas e edifícios públicos, segundo a Lei Brasileira de Inclusão (LBI). “Mas não adianta rampa com 15% de inclinação", alerta Eduardo. E há outras características bem-vindas para acessibilidade:


  • Piso tátil e semáforos sonoros para pessoas com deficiência visual.

  • Sinalização quando há desníveis ou obstáculos.

  • Elevadores ou plataformas elevatórias em edifícios públicos e privados, para garantir o acesso a todos os pavimentos.

  • Portas e espaços internos amplos, permitindo a circulação de cadeiras de rodas e pessoas com auxílio de andadores ou muletas.

  • Banheiros acessíveis, com barras de apoio, vasos sanitários e pias em alturas adequadas, e espaços de manobra suficientes.



É caro e difícil ter rampas e acessibilidade?


Sim e não. Em áreas urbanas já consolidadas, ou construídas sem planejamento, ou históricas, adaptar e regularizar calçadas e edificações pode sim ser difícil tecnicamente, além de exigir investimento. Mas nada impossível.


O próprio Censo mostra que as cidades brasileiras têm evoluído na presença de rampas. Se em 2022, 119,9 milhões de pessoas moravam em vias sem rampas para cadeirantes, em 2010, eram mais: 146,3 milhões.


“O verdadeiro obstáculo não é técnico, nem financeiro, mas político e cultural", afirma Helena. Ela cita as transformações urbanas de Barcelona, na Espanha, e Copenhague, na Dinamarca, hoje referências internacionais em acessibilidade. “São experiências que evidenciam que mudanças estruturais são factíveis quando existe compromisso institucional", ela aponta.

 
 
 

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